domingo, 14 de agosto de 2011

PAIS & FILHOS



A única extensão de nós mesmos, incondicionalmente, são os filhos e a dos filhos são os pais: verdadeiros portos seguros (mesmo que o segundo tenha uma leitura diferente que possivelmente se inverterá com o tempo em outras medidas).
Mas onde se encontram os limites dessa condição continuada de nós?
Tentemos uma resposta no silêncio que às vezes é interrompido quando um filho chora e pede ajuda para o socorrermos do mundo e na sutileza de pedidos que nem sempre são expressos através de palavras, mas em gritos quase verbalizados com os olhos e em forma de pequenas atitudes que buscam o apoio de quem está sempre sensível a seus apelos. Quando isso acontece, percebemos que nós somos suas únicas saídas quando as outras já estão fechadas, ou as únicas entradas quando as costumeiras encontram-se lacradas. Com isso, passamos algum tempo pensando que a crueza individualista da sociedade pode se tornar nociva ao entendimento que temos desses “pequeninos”, pois acabamos por achar que nunca estarão integralmente preparados para enfrentar essa sociedade tão desleal e individualista onde só se faz o “bem” quando se pode tirar proveito de algo ou outrem (mesmo inconscientemente). O que de fato nos angustia, pois precisaremos, um dia, mandá-los para esse voo...  
Contudo, queríamos que nossos herdeiros fossem uma versão melhorada do que somos e aprender (sem os sofrimentos das experimentações penosas que passamos) com o que fomos. Queríamos que fossem nossa evolução, nossas vontades não alcançadas... Mas quando os encontramos cometendo os mesmo erros que cometíamos, acabamos nos sentindo desconfortados no atestado de que nossos conselhos não se autenticaram e apenas autenticar-se-ão pela experiência e conhecimento vivenciados por eles próprios, no rompimento de nossa total extensão, no corte compreendido do cordão umbilical...

** Obrigado pelo presente de dia dos pais (o Entre quatro paredes, de Jean-Paul Sartre e  o Performance, recepção e leitura, de Paul Zumthor, ambas obras magnificas assim como minhas DUAS obras maiores... minhas filhotas). Abração!!!!

2 comentários:

  1. Pureza nas palavras e emoção pura emanam do texto.Parabéns!! Muito bom de se ler... e de sentir a harmonia e a sincronia. Um outro bravoooo para os presentes, belas escolhas.:)

    Um abraço para a bela família.

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  2. Que lindas as tuas meninas, Dilso! Parabéns! Fala para o Fabiano que escrevi um comentário em meu blog sobre os dois longas que vimos, eu e Rafael, em Porto Alegre, no sábado, "O Melancolia" e o "Árvore da vida". Abraços! Rô Candeloro

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