segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mousikós (2): Zbigniew Preisner

Este segundo texto da série Mousikós traz uma obra do compositor polonês Zbigniew Preisner, nascido em 1955.

Preisner, que estudou História e Filosofia na Universidade de Cracóvia, iniciou-se audodidaticamente como compositor, ouvindo e transcrevendo música, entre composições do italiano Niccolo Paganini (1782-1840) e obras do finlandês Jean Sibelius (1865-1957). Seus primeiros trabalhos começaram a ser publicados no início dos anos 80. Tornou-se mais conhecido por suas músicas para cinema, especialmente para os filmes do conterrâneo Krzysztof Kieslowski (1941-1996), incluindo a premiada trilogia das cores (A liberdade é azul, A fraternidade é vermelha e A igualdade é branca). Em 1996, ano em que faleceu seu maior colaborador, Preisner concluía o trabalho que, no ano seguinte, foi agraciado com o prêmio de melhor composição original em Berlim: a compreensivelmente lacônica música de The island on Bird Street (filme por aqui chamado de Coragem e esperança), do cineasta dinamarquês Soren Kragh-Jacobsen. Logo depois, em 1998, Preisner gravava Requiem for my friend, dedicada à memória de Kieslowski, que trazia composições planejadas para o que teria sido um novo filme do diretor polonês, lamentavelmente interrompido. Recentemente, o trabalho ficou ainda mais conhecido com a inserção do trecho "Lacrimosa" na sequência que o cineasta Terrence Malick elaborou, em A árvore da vida (The tree of life, 2011), para o nascimento do mundo. 

A música que trouxemos para este espaço integra o trabalho para um documentário polonês de 45 minutos, televisionado em 1995, chamado De Aegypto (aparentemente, os norte-americanos importaram o documentário, por aqui inédito, rebatizando-o como Ópera egípcia). A direção e o roteiro são de Jolanta Ptaszynska, com base em O livro egípcio dos mortos. Quem executa o trabalho é a Orquestra Sinfônica de Varsóvia, junto ao Coral de Câmara de Varsóvia. A condução é de Zdzislaw Szostak. A soprano é Elizbieta Towarnicka, habitual cantora das obras vocálicas de Preisner. Nos violinos, Wieslaw Kwaszny e Piotr Kwaszny. No cello, Jerzy Klocek, conhecido instrumentista polonês. Dedilhando harpa, Anna Sikorzak-Olek, no saxofone alto, o ótimo Jerzy Glowczewski, e, na flauta, Jacek Ostaszewski. Que os poloneses me perdoem se houver equívocos na grafia de seus nomes, mas, devo confessar, a ocorrência de tantas consoantes, como é comum nos nomes do leste europeu, é um desafio ortográfico neste lado latino ao sul do equador.


A peça foi incluída por Preisner num álbum lançado em 1996, chamado Preisner's music, com músicas de vários de seus trabalhos. Vigésima faixa dessa ótima compilação, foi batizada pelo selo francês Virgin como "Ciel" ("Céu"). Interessante que o álbum foi gravado em um espaço 130 metros abaixo do solo, em uma antiga mina sob a igreja de Wieliczka, na Polônia, cidadezinha próxima de Cracóvia. A opção pelo estrato subterrâneo foi escolha do próprio compositor. Segundo Zbigniew Preisner, o local, além de proporcionar, ao som, atmosfera única, ofereceu níveis acústicos excelentes. Acrescentaríamos que não foi um capricho. De fato, a gravação tem uma qualidade incomum, enaltecida pela aura espaço-temporal que o compositor criativamente projetou para sua música.



Abraço e até a próxima!





6 comentários:

  1. Bem interessante. Só fiquei curioso para escutar, o tocadorzinho não emite som aqui, testei no Firefox 4 e no Internet Explorer no windows.

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  2. Pois é, Josué. Esse player funciona quando quer. Aqui algumas vezes ele toca, outras não. Se você tiver alguma sugestão para corrigir esse temperamento oscilante do player, escreva para o meu e-mail.

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  3. Pessoal, percebi algo que, não sei explicar o porquê, parece acontecer: quando você está logado com sua conta Blogger, o tocadorzinho de música não funciona. Experimentem, então, fazê-lo tocar sem estar logado. Ainda assim, geralmente, quando você aciona o player, a resposta não é imediata e pode levar uns cinco segundos para a música começar a rodar. Se nada disso funcionar, então seu computador pode estar desenvolvendo inteligência própria. É a tal rebelião das máquinas. Vai saber.

    Abração!

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  4. Problema resolvido (esperamos). Obrigado pela ajuda, Josué.

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