sábado, 15 de outubro de 2011

OS PROFESSORES E O MUNDO...**


Em sala de aula a vida parece multiplica-se, pois – do ponto de vista do professor – os olhares são muitos e as perspectivas variadas no desenho de cada rosto em particular. Assim, partindo do princípio de que cada indivíduo tem por detrás dos olhos um mundo inteiro de complexidade e que a janela para esses universos escapam involuntariamente na expressão de cada um desses semblantes, concluímos que nossas verdades só se validarão se o foco entre esses universos (dos alunos) somados aos nossos (dos professores) estiverem afinados e comprometidos em um mesmo objetivo, esse nem sempre tão simples de se cumprir: o equilíbrio entre as individualidades como parte de um mesmo grupo.
Contudo, os universos às vezes não conspiram a um mesmo fim, porque, como disse acima, são complexos e, ainda, a cada dia, mutáveis em suas organizações temperadas ou apimentadas entre si. O dosador/professor é quem deve (mesmo em um mau dia, pois ele também é humano) tentar reorganizar-se para tais ânimos, visto ser o responsável por essa gama de espíritos que muitas vezes se perdem a vagar por aí. Sendo assim, seria interessante se todos se encontrassem no todo e não se perdessem ao tornarem-se todos. O que nem sempre acontece...
Enfim, dentro da fala do amigo e professor Cassionei (jornal Gazeta do Sul, coluna opinião do dia 29/09/2011, p. 6), algumas aulas chatas são de fato essenciais, tendo em vista que não preparamos meninos e meninas para serem figuras maniqueístas e/ou estereotipadas do que se entende por legal (na ingênua e fantasiosa cópia ociosa de personagens que desfilam pela mídia), mas para um mundo real, igualmente, chato e que a cada dia exige mais e mais de cada um de nós, tornando-se assim ainda mais chato e difícil de entender e entender-se. Ou seja, o objetivo é sempre tentar formar futuros homens e mulheres com capacidade crítica suficiente para sentir os mundos com mais potência e avaliá-los segundo suas medições de interesses, necessidades sociais e existenciais na convivência equilibrada com o “outro”. 
Mas o que não entendo é como uma profissão que tenta fazer a leitura das pessoas em seus universos, formar homens para o mundo e ainda mobilizar-se a uma constante (re)fabricação de si para gerir ainda  mais outros, tem se tornado dia após dia tão desmerecida e desrespeitada pelo olhar inescrupuloso de alguns "filhos da escola".
Etimologicamente, skhole, significou lazer, uma espécie de lugar para o ócio, pois, na época, precisava-se produzir o palpável e essa busca pelo conhecimento, naturalmente, era visto como um ato fora da materialidade.
Confesso que até entendo os homens da antiguidade com seus fatos e atos, mas não consigo compreender meus próprios contemporâneos com seu descaso...  

** Ao amigo Cassionei!!!

2 comentários:

  1. Oi,Dilso!
    Esse texto é bem oportuno e pertinente ao dia de hoje, dia do professor.
    Aula chatas são como bons remédios: amargos, mas eficiente em sua função.

    Obrigado por mais um comentário analítico no meu link! Sempre faz a leitura certa dos meus textos.

    Abraços do amigo de sempre!

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  2. Eu diria que "algumas aulas chatas são de fato essenciais", mas existem professores que não se esforçam para ter didática. Na área de Letras acredito que isto seja menos frequente pois, imagino, muitos já possuem a mente voltada para o ensino e para questões de didática, porém na área de Computação é bem comum encontrar o professor que 'sabe para si' e dá uma aula chata e incompreensível onde até um aluno não graduado poderia explicar melhor (o que realmente acontece através do velho truque da separação de tópicos para seminários onde no final o assunto é considerado dado).

    Eu comparo a ambivalência que possuo com os professores em geral com a ambivalência das relações entre pais e filhos, sempre há uma ambivalência.

    Texto massa !

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