segunda-feira, 8 de março de 2010

Resultados do Oscar

Quero comentar apenas alguns aspectos que me chamaram a atenção neste Oscar.

O primeiro deles é a premiação de Mauro Fiore pela direção de fotografia de Avatar, o que confesso que não consegui entender. Não sei o que seria trabalho de fotografia em um filme quase todo produzido através de processos digitais de composição de cenas. Seria uma fotografia artificial? Se sim, então deveriam premiar os técnicos em digitalização também, nesse quesito, porque desconfio que houve grande participação. Mas, enfim, Oscar é assim, sem pé nem cabeça. Tentar entender o que acontece nos bastidores é uma atitude a qual não irei me prestar.

O segundo é a consagração da queridinha Sandra Bullock como melhor atriz, em uma disputa com as ótimas Helen Mirren e Meryl Streep. Incompreensível. É quase unânime a opinião entre a crítica de que a carreira de Sandra Bullock se resume a uma mediocridade quase sem par. Uma atriz muito menos desenvolvida artisticamente que suas adversárias no prêmio. Aliás, não tem nem como comparar. Não assisti o filme, e nem tenho vontade de ver a típica história que os americanos adoram da ricaça-que-tem-um-coração-nobre-e-ajuda-os-pobres. Mas é sempre assim: pelo menos em um aspecto o Oscar precisa se superar em termos de consagração do insosso.

O terceiro aspecto diz respeito à premiação da música. Não conheço o trabalho de Michael Giacchino em Up, mas pelo que andei ouvindo não o acho superior ao que fez Marco Beltrami em The hurt Locker. A Academia tem um pé atrás com Beltrami, que há anos atrás era famoso por suas modestas composições para produções B. Mas o compositor mudou, tornou-se um grande músico e poucos parecem enxergar essa transformação. Giacchino é mais queridinho, mais tradicional.

Enfim, fiquei satisfeito com a premiação de Kathryn Bigelow e seu filme - que não é de guerra. Na verdade, quem venceu foi o cinema francês, que produziu o longa. Eu tinha ficado intrigado com a linguagem integralmente subjetivista de The hurt locker, algo extremamente raro nos Estados Unidos, bem como sua imparcialidade, atitude ainda mais atípica em se tratando de um cineasta americano. Ontem entendi, quando divulgaram o envolvimento francês. Vitória da França, portanto, em plena terra do Tio Sam.

Também gostei da vitória de Jeff Bridges, um ator muito competente e do qual gosto muito.

Por último, fica a tristeza por Bastardos inglórios, o mais original e funcional de todos os filmes. Apenas Christoph Waltz foi premiado, como coadjuvante, numa atuação soberba. E Tarantino, assim como Clint Eastwood e James Gray, consagra-se como um exímio orientador de atores e criador de personagens deliciosos. Todavia, não é necessário Oscar para abrilhantar o filme.


2 comentários:

  1. Você sabe explicar a diferença entre mixagem de som e edição de som?

    Fiquei confuso com essas categorias.

    Abs!

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  2. Não tenho muita certeza. Me parece que o editor de som é o responsável por produzir os efeitos sonoros que as cenas exigem. Criam som para explosões, tiros, uma agulha caindo no palheiro, enfim. O mixador irá, então, inseri-lo no filme, procurando sincronia, volume, etc.

    Na verdade deveriam criar um único prêmio para isso: melhor som. E pronto. Aliás, antes a categoria de editor de som chamava-se "efeitos sonoros" e a de mixagem de som "melhor som".

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