Homofobia e Xefonofobia na política e religião brasileira

Parece que esta semana trouxe à tona velhas discussões que, eu acreditava, se achavam superadas. Tudo começou com a história do deputado federal Jair Bolsonaro que associou o namoro com pessoas negras com promiscuidade. Depois disto ainda surge deputado Marco Feliciano dizendo: "Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome... Etc". Se isto é religião, Deus me livre dela.

É interessante como um homem que diz crer em Deus possa proferir tantas injúrias para negros, índios e homossexuais. Ao mesmo tempo em que prega igualdade de todos perante a lei, ele ofende claramente diferentes etnias de nosso País. Recentemente no programa CQC, caso você ainda não saiba, ele relacionou o namoro com pessoas negras com promiscuidade, não é crível que ele tenha se confundido na pergunta, gostaria de acreditar nisto mas não consigo, tivesse ele entendido tão mal assim a questão, não teria aproveitado para ofender a cantora Preta Gil finalizando com "...pois meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como lamentavelmente é o teu". Em 2008 o mesmo Bolsonaro disse que "Esse é o índio que vem falar aqui[em Brasília] de reserva indígena. Ele devia ir comer um capim ali fora para manter as suas origens". Um horrendo espetáculo do que há de mais lamentável no ser humano, a intolerância. Bolsonaro demonstra não ter aprendido a tolerância étnica para com as minorias que o século passado tentou nos ensinar.

E hoje, dia 31 de Março de 2011, vejo que o deputado federal Marco Feliciano defende a antiga visão cristã sobre o Continente Africano. Para quem possa não saber, esta mesma visão foi utilizada para justificar a escravidão de africanos pelo mundo. Existia na época a crença religiosa de que escravizando os africanos estaria-se libertando-os das barbáries e das mazelas da África. Além disso, Feliciano declarou também que "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição", infeliz declaração esta do seu Feliciano. Sob a justificativa de que suas declarações são de foro puramente teológico ele afirmou que não retira sua palavras (Seu colega de profissão tentou retirar as suas). Seguindo a análise teológica do seu Feliciano daqui a pouco vai ter gente dizendo, baseando-se no Evangelho de São João, "Foram os judeus que mataram Jesus Cristo e por isto eles precisam pagar". E todo o Mundo já sabe onde este tipo de intolerância vai parar.

Quero crer, e isto é um ato de fé, que nem todos da mesma religião do deputado federal Marco Feliciano compactuam com sua idéias.

Por fim, concluo que, ou a minha crença no ser humano é muito grande ou minha inocência é: fiquei muito estupefato com estas declarações todas, não imaginava que haviam pessoas públicas que pensavam desta maneira. Não é aceitável que representantes de um País tratem grupos específicos desta maneira. Infelizmente existe um longo caminho para que idéias homofóbicas e xenofóbicas como estas sejam extintas. Todo aquele que descordar deste tipo de idéia deve se manifestar, evitar o sorriso e mostrar seu descontentamento perante piadas racistas já é um pequeno começo.

O Avaaz está com uma campanha para a pressionar o congresso a votar a lei anti-homofobia, se você é a favor, participe: http://www.avaaz.org/po/homofobia_nao/?twi.