sábado, 25 de junho de 2011

MÚSICA


No toque acabamos reconhecendo que uma pelúcia nos denuncia, não pela forma felpuda do objeto, mas pela maneira intensa de como a percebemos em toda a sua textura e delicadeza, onde constatamos que tudo isso já estava impresso em nós. Assim é com a música, ela talvez varie discreta em suas evoluções, contudo seus vapores invisíveis são vistos pelos nossos ouvidos, às vezes, como gases coloridos que se misturam a reinventar cores novas na fábrica perceptiva de cada ateliê particular. Há quem sinta o cheiro de uma sinfonia; o gosto de uma ária de ópera; a imagem de um grande coração que explode nos metais e nos tambores de um allegro; e há também os que sentem o toque áspero de um fagote rouco a acariciar seus dedos... E nessa sinestesia, vitimados pelas inquietações desse empírio musical, encontramo-nos, geralmente, a sós conosco, pois no ritmo inquirido pela vida, sempre estamos sozinhos com nossas emoções. Enfim, nesse concerto vital, indiferente de nossa consciência, sempre estaremos em estado de música, de solidão ritmada pela poiésis de todas as nove musas que cantam em uníssono a cada nota encontrada e organizada tanto dentro (no coração) quanto fora de nosso peito ressoante... 

2 comentários:

  1. Explicação: essa foi apenas uma reflexão que fiz enquanto ouvia música em meu quarto... Tenho total consciência de que meu ponto de vista é totalmente contestável, pois é uma impressão leiga e captada por um indivíduo que não ouve colorido... Achei que devia exprimir isso expondo e documentando tudo em um pequeno texto!!!

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  2. Bela reflexão !! Existem pessoas que realmente ouvem colorido, não tão violeta, disse um famoso compositor clássico certa vez. Sem falar que metáforas visuais são sempre usadas para descrever a música, nossa, as cordas novas do meu baixo estão com brilho ótimo. :D

    PS. Em breve volto a escrever pro blog, muita correria !

    PPS. Bem vindo Dilso. ;-)

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