sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Basil Poledouris, o Bárbaro



O compositor Basil Poledouris, ou Basilis Konstantine Poledouris, de origem grega, teve uma importância muito significativa na minha formação como ouvinte de música. Não recordo a que altura da vida isso aconteceu, mas lembro que foi através de seu trabalho para o longa Conan, o bárbaro (Conan, the barbarian, 1982), dirigido por John Milius e estrelado pelo então desconhecido Arnold Schwarzenegger. Um trabalho musical descomunal. Anos mais tarde Basil revelou que, naquela época, foi convidado pelo ex-colega de faculdade, Milius, que lhe deu tempo e estrutura para realizar o trabalho. Foram quase doze meses preparando o material musical para, mais tarde, ensaiá-lo e gravá-lo à frente de uma orquestra contratada do jeito que ele havia concebido. Ou seja, tudo perfeito, como a música pedia. E era uma grande música, composta sob inspiração de acordes renascentistas e coros medievais profanos. Havia também uma parceria com sua filhinha, Zoë Poledouris - hoje cantora -, que lhe surpreendeu com um motivo ao piano, nascendo dessa ocasião inusitada um belíssimo tema para uma valsa medievalista.

A continuação da obra, em Conan, o Destruidor (Conan, the destroyer, 1984), foi decepcionante, embora ainda preservasse alguma qualidade. O sucesso do primeiro longa apressou a produção, que já não contava mais com o inteligente John Milius na direção, mas com o péssimo Richard Fleischer, preocupado apenas em tentar levar multidões aos cinemas, as mesmas que um pouco antes haviam se deslumbrado com Star wars. Basil contou que, dessa vez, não teve metade do suporte anterior, e que, para sua surpresa, solicitara um determinado conjunto de instrumentistas, mas, ao chegar para ensaiar, deparara-se com metade dos músicos. Nem é preciso explicar que começava já nessa época os investimentos nos requintes tecnológicos das produções em detrimento dos compositores. Basil sempre lamentou esse fato, sobretudo porque considerava seu trabalho para o longa um dos melhores que já tinha feito. É por essa razão que ele abandonou o cinema durante vários anos na década de 90 e no início dos anos 2000, recusando-se a compor com um tempo máximo de trabalho de um mês e, muitas vezes, tendo que preencher seus trabalhos com canções toscas que julgava distantes da ideia fílmica. Mesmo assim, muitas vezes foi obrigado a ceder, como em Free willy (Free willy, 1993), um de seus trabalhos mais ruins, repleto de parafernálias eletrônicas e invenções melódicas tão densas quanto um pires.


Basil Poledouris, embora tenha sido até o fim de sua vida reconhecido pelo trabalho em Conan, o bárbaro, jamais recebeu qualquer tipo de premiação por essa obra. O que não foi nem é preciso. Ouvintes continuarão admirando, ao longo dos tempos,  os acordes sensacionais desse que certamente é um dos mais impressionantes trabalhos que um composior já realizou para o cinema.

O compositor faleceu em 8 de novembro de 2006, vítima de câncer.


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