quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Nova animação de Sylvain Chomet

Já está em fase de conclusão o novo longa de animação dirigido pelo mestre francês Sylvain Chomet, L'Illusionniste, ou, O ilusionista, com roteiro escrito pelo célebre comediante Jacques Tati, falecido em 1982. Os escritos de Tati - ator, roteirista, produtor e diretor muito famoso na França - haviam permanecido por mais de duas décadas inéditos, e Chomet, o realizador do belo As bicicletas de Belleville (Le triplettes de Belleville, 2003), resolveu desenvolvê-lo como que em uma homenagem ao ícone. Durante o mais recente Festival de Cinema de Berlim o aguardado novo longa de animação de Chomet foi divulgado ao grande público.

Na história, um velho animador de palco começa a perder espaço para astros de grupos de rock emergentes, em função da renovação de um público que dá preferência àquela proposta e da transição para uma modernidade jovem que já começa a de certa forma rejeitar certos valores artísticos do passado. Mas o animador descobre, na figura de uma adolescente, que trabalha em uma estalagem onde o artista de hospeda, alguém que ainda admira o seu trabalho - e isso trará novas repercussões em sua vida.

Esse é apenas o segundo longa de animação de Sylvain Chomet. Antes, além de As bicicletas de Belleville, Chomet havia realizado um curta de animação em 1998, A velha dama e os pombos (La vieille dame et les pigeons), e uma participação, em 2006, no filme Paris, te amo (Paris, je t'aime), no segmento "Torre Eiffel". Tratava-se de um filme que reunia vários curtas-metragens, cada um apresentando Paris sob uma ótica particular.

Apesar da carreira de Sylvain Chomet ser bastante restrita, seu talento como animador é impressionante. Seu traço e sua maneira de animar as cenas são de uma poética cheia de sutilezas, capaz de reverberar quase que magicamente no imaginário do espectador, a começar pela forma com que os instantes são apreendidos pelas mãos que os animam: há sempre uma consideração muito grande de Chomet pelo que é inerente à cena e prescinde de didatismo. Chomet é um ilustrador do espaço entre o silêncio e o som, entre o vazio e aquilo com que o espectador o preenche. E, o mais importante: Chomet respeita a criança - tenha ela dez ou cinquenta anos.

Só espero que não demore tanto para termos acesso a esse seu novo trabalho.


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