segunda-feira, 12 de julho de 2010

Espanha: campeã do mundo de futebol

Não poderia deixar de comentar o resultado final da Copa do Mundo: Espanha, campeã, configurando um quadro que jamais havia ocorrido na história das Copas, com Brasil, Alemanha, Itália e Argentina, um deles, participando do jogo final. Sem dúvida uma sinalização, fora as muitas que existem, de que todas as coisas são impermanentes. Mas vejo nisso um outro tipo de sinal, de certa forma um alento: a Espanha, campeã do mundo, lembra, mesmo sem um brilho mais especial, um tipo de jogo muito comum nas vitoriosas seleções brasileiras. A Espanha alcançou a consagração mais desejada a um grupo que coletivamente se integrou nos últimos anos para conquistar vitórias no futebol e, por isso, está de parabéns e é merecedora do título.

Quero lembrar e reforçar uma ideia que surgiu na mídia brasileira e que está relacionada com o futuro da seleção do Brasil e, conquentemente, à Copa em 2014. Muito se discute sobre o comandante da seleção para os próximos anos, e, nessa discussão, alguns nomes surgem com maior ou menor preferência do povo brasileiro: Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes, Ricardo Gomes e Leonardo. Na minha opinião, o primeiro critério para a escolha do novo treinador deve ser a sua capacidade de converter na prática os conhecimentos que demonstra ter de futebol, e, para tanto, não vejo alternativas melhores que Luiz Felipe e Mano Menezes. O primeiro é um multicampeão quase inquestionável, que só não conseguiu sucesso maior porque insistiu em ser vitorioso fora das fronteiras futebolísticas culturais de seu país. O segundo é um profissional em ascensão inquestionável, o que indica sua capacidade prodigiosa de preparar a coletividade que o futebol exige para alcançar os lugares mais elevados dos pódios. A ideia que surgiu era nada mais nada menos que colocar esses dois profissionais para trabalharem juntos para a Copa 2014. Achei a ideia ousada, num primeiro momento, mas depois entendi o que ela pode significar: uma tentativa excepcional de investir o que de melhor temos disponível, em termos de comando, para a conquista de um mundial em nosso país. E não haveria argumento melhor para convencê-los do que sugerir um título histórico que 1950 nos negou, alçando seus nomes a um patamar no qual ninguém jamais esteve: o título, o hexa e tudo isso dentro de nosso próprio território. Enfim, ninguém melhor que Felipão e Mano para montarem um time vitorioso nos próximos quatro anos - e acho que ninguém duvida de que são capazes.

Ricardo Gomes, por seu turno, teria a força de treinar a principal equipe do sudeste brasileiro - em que a mídia tem força -: o São Paulo, mas não creio que ofereça uma reposta mais satisfatória do que a que Felipão ou Mano ofereceriam. Leonardo, quase a mesma coisa: um queridinho do Milan, da Itália, um time em decadência. Um dos dois, aliás, se optado, deflagraria uma ironia: eram companheiros de Dunga em 1994. Ou seja: de certa forma, é tentar simplesmente inverter o oito (8) - e correr o risco de ficar a mesma coisa. Se a lucrativa CBF deseja, de fato, uma transformação no futebol brasileiro, valorizando seus aspectos culturais em maior vantagem sob os esquemáticos, ela então precisa ser ousada, como jamais foi - e Felipão e Mano na seleção poderiam, juntos, fazer um timaço campeão (sem as rimas pobres, claro).


2 comentários:

  1. Olá,

    Torço para que o escolhido pela CBF seja o Mano Menezes. Admiro muito o seu trabalho. Como você escreveu, um técnico em ascensão.

    Já o Felipão é um técnico consagrado e marcado por suas escolhas, opiniões e caretas agressivas. Desta maneira, não o vejo rompendo contrato com o Palmeiras,já que ele chegou como pretenso salvador do time paulista, pois evoca a maior glória que o verdão já teve, o título de campeão da libertadores.

    Sobre o Leonardo, se não me engano, após a criminosa cotovelada em 94, foi banido das copas como jogador, uma pena não ter sido extirpado totalmente dos campos. Apesar de apreciar um jogo pegado, recrimino qualquer jogada que acaba em mera agressão.

    O Ricardo Gomes não teve tempo ainda para mostrar seu potencial. Quem sabe até o final do brasileirão?

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  2. Oi, Jorge, muito bom. Também gostaria de ver o Mano treinando a seleção. De todos os candidatos, ele é o que talvez me inspire uma confiança maior. Felipão também poderia fazer um bom trabalho, não tenho dúvidas. Se Felipão ou Mano não conseguissem arrumar a seleção, quem poderia? E que tal ver os dois trabalhando juntos? Claro que são estilos diferentes, mas um poderia cuidar dos treinamentos, esquemas táticos e preparação (Mano) e o outro poderia ficar como uma espécie de coordenador - ou consultor. Aquele cara responsável por dizer, por exemplo, que o Ramires é para titular - e não para esquentar o banco em que o Felipe Melo vai sentar quando for expulso. Seria municiar o comando do time, como disse, com o que temos de melhor, e acho que a Copa, no Brasil, poderia ser o argumento perfeito para uma ousadia dessas.

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