sábado, 3 de julho de 2010

Fim da Copa, título protelado

Do final do jogo entre Brasil e Holanda, guardei um comentário do lateral Maicon: "não faltou determinação de nenhum jogador". Discordo. Determinado é o time uruguaio, a seleção paraguaia, os japoneses e a maioria dos times europeus. A Holanda é determinada. Jogador brasileiro, ou melhor, o futebol brasileiro, é despojado. Foi justamente essa determinação apontada por Maicon que causou a derrota vergonhosa da seleção brasileira, afinal um desequilíbrio emocional como o demonstrado no segundo tempo só ocorre quando toda e qualquer disposição de jogo é configurada por anseios mentais advindos de uma determinação internamente imposta. Só posso concluir que jogar em times europeus treinados por técnicos europeus está contaminando o despojamento brasileiro. Ao final desta Copa, entretanto, resta um sinal de que nem tudo se encaminha para a perdição na cultura futebolística brasileira: há meninos promissores em nosso futebol, com um jeito de jogar muito mais descontraído, malandro e surpreendente que o endurecido time de Dunga.

Escrevi que Ramires, isso mesmo, um único jogador, poderia fazer muita falta contra a Holanda. Foi o que aconteceu. Ramires conseguia compor uma dinâmica tática losangular na seleção, por suas características e seu futebol mais despojado. Ramires dava condições para o time executar uma jogabilidade menos embrutecida e determinada, mas mais, digamos, sacana. Na minha opinião, é dele a jogada mais brilhantes desta Copa, quando do terceiro gol contra o Chile. Isso é futebol brasileiro. Dunga, porém, gostava mesmo do quadrado, para combinar com sua cara. Em 94 isso deu certo, inclusive com ele próprio compondo esse quadrado. Todavia, ele era muito melhor do que foi hoje Felipe Melo e, além disso, havia Romário, uma lenda, lá na frente.

No mais, discordo quando a Globo quer a todo custo desculpar Felipe Melo, principalmente para evitar que eventualmente a torcida brasileira o receba com alguma hostilidade. Felipe Melo, a meu ver, nunca mais deve ser convocado para a seleção. Um jogador incompreensivelmente visto como titular, mas que não seria titular nem em time de várzea - ninguém quer bad boy. Qualquer sujeito mais esperto teria feito o passe que ele fez para o primeiro gol, dado o espaço que tinha. Ramires teria feito isso, ou melhor: teria avançado na velocidade e convertido um gol magnífico. Não há emblema maior para a vergonha que foi o segundo tempo do que Felipe Melo. O pior jogador de futebol brasileiro que já vi. Não é justo culpá-lo diretamente pela derrota, mas ele é culpado por não ter vergonha na cara de negar sua convocação em benefício de alguém melhor que ele - o que não seria tão difícil assim de achar. Para começar, o clube dele, a Juventus, da Itália, está um desastre, e ele é reserva desse desastre. Mas, joga na Europa. Recomendo que Dunga vá treinar um clube europeu, pois.

Que a CBF aprenda: não é um grupo formado em quatro anos e determinado que vence uma competição como uma Copa. Nem Parreira ganhou assim: convocou, já no fim das eliminatórias, Romário. E levou Ronaldo, um menino, que, naquele caso, nem precisou ser testado. Agora me respondam: precisávamos de opções, que não só Ramires e Nilmar, capazes de surpreender. Hoje precisávamos. Adiantou, então, ter levado Grafite e Júlio Baptista? Que fique a reflexão.

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